sábado, 20 de março de 2010

quem espera...

Quando era adolescente, devia ter uns 15 ou 16 anos me apaixonei por um dos garotos mais bonitos e cobiçados do pedaço. Loiro, olhos verdes maravilhosos e um sorriso de cair o queixo. E o melhor de tudo, ele sabia da minha existência, eu, pobre mortal fui enxergada por um Deus.
Acontece que fui a adolescente mais medrosa e mais tímida que já se viu na história da humanidade. E eu, morria de medo de ficar com alguém por perto da minha casa. E se minha mãe descobrisse? E se meu irmão ficasse sabendo? Eu morreria.
Eu e todos os meus medos, incertezas e inseguranças. Ele e toda sua segurança, popularidade e charme.
Lembro de ter ido certa vez a uma festa de aniversário de uma amiga e ele estava lá. Passei a festa toda me escondendo para evitar que ele viesse falar comigo e quando isso parecia inevitável, sai da festa correndo e fui pra casa chorar de arrependimento por ter deixado a chance passar.
O certo é que para mim, sempre foi mais confortável ter amores platônicos, daqueles que a gente sonha mas que nunca se realizam de fato e que, desse modo, também nunca poderão causar dores além das já sentidas pela sua inconclusão.
Eu tinha medo do que sentia quando ele se aproximava, quando recebia um bilhete, um recado ou quando me percebia observada por ele.
Isso durou por um bom tempo, ele nunca me procurou de fato e eu nunca dei chances para isso acontecer e em uma noite de ano novo em que eu viajei  com a família, ele começou a namorar com uma grande amiga minha.
Imagina a situação. Ela sabia de tudo que rolava entre nós e levou alguns dias para me contar sobre o namoro. Eu é claro me fingi de compreensiva, entendi tudo e até desejei que eles fossem muito felizes. Mas por dentro estava em frangalhos pelo ciúme, pela inveja e principalmente pela culpa em saber que muito daquilo estava acontecendo porque eu deixei acontecer.
Depois disso passamos a nos ver mais, e passei a ser a confidente dela. Não que eu quisesse essa função, na verdade me sentia mal em ouvir sobre a felicidade deles e me martirizava por ficar intimamente feliz quando me  contava das brigas que eram constantes.
O namoro deles durou alguns meses, ela estava apaixonada e ele não. Antes do fim definitivo ela me pediu ajuda para ir falar com ele e tentar entender o motivo do fim. Eu fui e mais uma vez me senti mal por ter ficado feliz ao ouvir dele que não a amava e não queria mais continuar.
Foi um período difícil. Ao mesmo tempo em que me sentia traindo minha amiga também me achava no direito de sentir tudo aquilo afinal, ela tinha entrado na minha história, no meu amor.

Depois que eles terminaram fiquei um tempo sem vê-lo. Passaram-se dois anos em que lembrava dele todos os dias, sonhava com ele mas não tínhamos contato nenhum.
Uma noite, sem esperar, encontrei com ele em uma festa. Nossa, meu coração disparou da mesma forma como acontecia antes mas, dessa vez eu não fugi.
Essa noite foi uma das mais perfeitas de toda minha vida. Meu primeiro beijo de amor. A primeira vez que aconteceu o silêncio. A primeira vez que não vi o tempo passar ao beijar alguém.
O melhor foi sentir que tudo aquilo estava sendo compartilhado por ele também. Toda emoção daquele encontro era nossa. Tão sonhado, tão esperado e quando aconteceu, foi a mais perfeita realidade concretizada...

Um comentário:

Jaime Guimarães disse...

Sim, o desfecho valeu a pena. Não é interessante tudo o que nós deixamos de fazer ou perdemos por timidez, por medo?

Às vezes basta um pouco de coragem...só um pouco.

Um abraço!